A primeira edição dos Jogos Europeus não deve ter a cobertura de um dos maiores jornais do mundo. Em retaliação a matérias publicadas no ano passado, que denunciaram violações de direitos humanos, o governo do Azerbaijão não concedeu credenciamento ao britânico The Guardian.
O próprio jornal revelou sua ausência na cidade de Baku, que sediará os Jogos a partir desta sexta-feira. As autoridades locais pagaram os custos de todos os atletas durante o período de competição e criaram facilidades ao receber o evento, mas estão sendo criticadas por violação de direitos humanos. As acusações giram em torno da prisão de jornalistas e ativistas contrários ao governo.
O Guardian esteve no Azerbaijão para cobrir a preparação nos meses anteriores aos Jogos Europeus. Durante o período no país, o jornal britânico revelou a crescente censura e detenção dos opositores do presidente Ilham Aliyev, que está no poder há 12 anos. Outros veículos também estão proibidos de entrar no Azerbaijão, como as ONGs Anistia Internacional e Human Rights Watch.
A ação do governo local é duramente criticada pelo Parlamento Europeu, que em reunião desta semana cobrou o respeito aos direitos humanos durante os Jogos. O Comitê Olímpico Europeu também se mostra contra à limitação de credenciais, julgando-a como “contrária ao espírito esportivo”.
De onde vem o dinheiro? O Azerbaijão desponta na economia mundial como grande produtor de petróleo e gás natural, ramo que faz surgir bilionários no país da região do Cáucaso. Boa parte do dinheiro está sendo investida no esporte para fomentar também o turismo.
Faz parte desta estratégia o patrocínio na camisa do espanhol Atlético de Madri, por exemplo, além da realização dos Jogos Europeus. O torneio reúne cerca de 6 mil atletas de 50 países do continente, tendo custado bilhões de euros. A cerimônia de abertura será nesta sexta-feira.